Com o suposto fim dos Super Sentai, o que aconteceu com outra franquia de heróis japoneses, os Metal Hero? Saiba mais sobre estas séries!
Séries icônicas dos anos 80 e 90 como Jaspion, Jiraya, Jiban, entre outras, marcaram o Brasil por anos e ficou guardadas nas memórias de muitos fãs que acompanharam os heróis na infância.
Mas o que aconteceu com essas séries intituladas como Metal Hero ao longo dos anos? Por que nunca mais tivemos um herói que marcasse tanto como O Fantástico Jaspion?
Sabemos que no momento, fortes rumores estão apontando para o fim dos Super Sentai, icônicas séries de cinco heróis coloridos que enfrentam monstros que desejam conquistar a Terra, e ao fim, utilizam-se de robôs gigantes para conseguir derrotar de vez os inimigos.
Mas, será que eles terão o mesmo fim que os Metal Hero? Vamos relembrar o que de fato ocorreu com esses heróis metálicos com o passar dos anos, abaixo e conhecer um pouco melhor de sua história no Japão:
A Era dos Metal Heroes: a evolução dos heróis metálicos e sua herança até os dias de hoje!
Entre 1982 e 1999, a emissora japonesa TV Asahi exibiu semanalmente as produções da franquia Metal Hero, ocupando o espaço que, nos anos seguintes, seria herdado pelas séries Kamen Rider. Essa transição pode ser vista como uma espécie de “passagem de tocha”, embora, na prática, a continuidade entre essas produções não tenha sido planejada de forma tão formal.
Para compreender esse período, é importante lembrar que o termo Metal Hero não existia oficialmente durante sua exibição original. O que havia, na verdade, era uma faixa de horário dedicada aos heróis da Toei Company, transmitidos dentro de um mesmo bloco de programação.
O início de um sucesso inesperado
Tudo começou em 5 de março de 1982, com a estreia de Uchuu Keiji Gavan. A série, que substituiu o animê Hello! Sandybell (1981), não foi criada com a intenção de fundar uma franquia. Mesmo assim, tornou-se um sucesso quase imediato — um fenômeno tão grande que ajudou a salvar financeiramente a Toei de uma crise.
O êxito de Gavan levou à criação de duas continuações diretas: Uchuu Keiji Sharivan (1983) e Uchuu Keiji Shaider (1984). Assim nascia uma trilogia coesa, exibida nas noites de sexta-feira, das 19h30 às 20h, que consolidou o formato dos “policiais espaciais”.
A partir de 1985, a Toei pretendia inovar novamente e chegou a desenvolver três projetos distintos — Ginsei Ouji Big Bang, Kaiju Tokusou Huntman e Youjuu Tokusou Deniro —, todos cancelados antes de sair do papel. O projeto que realmente avançou foi Kyojuu Tokusou Juspion, conhecido no Brasil como O Fantástico Jaspion. Embora inspirado em elementos das séries anteriores, Jaspion apresentava um universo e conceito próprios, sem ligação direta com os heróis espaciais.
A consolidação e as mudanças de horário
Em 6 de janeiro de 1986, Jaspion passou a ser exibido às segundas-feiras, entre 19h e 19h30, a partir do episódio 35. O antigo horário foi ocupado pelo animê Uchusen Sagittarius, enquanto Jaspion assumiu a faixa que antes pertencia a Konpora Kid, da Toei Animation.
Após o encerramento da série, em 24 de março de 1986, o espaço foi preenchido por Jikku Senshi Spielvan, lançado em 7 de abril do mesmo ano — uma produção que reutilizava a ideia dos policiais espaciais, mas dentro de um novo contexto narrativo.
Já em 16 de março de 1987, estreava Choujinki Metalder, uma produção mais sombria e introspectiva, que permaneceu nas noites de segunda até o episódio 24, exibido em 14 de setembro de 1987. Depois, a série mudou para os domingos pela manhã, das 9h30 às 10h — justamente o mesmo dia em que estreava Kamen Rider Black na MBS/TBS.
Metalder foi a série mais curta daquele período, com apenas 39 episódios, e foi seguida por Sekai Ninja Sen Jiraiya (1988) e Kidou Keiji Jiban (1989), ambas com estilos distintos. Jiban, inclusive, marcou uma nova mudança: a partir do episódio 10, passou a ser exibido aos domingos às 8h da manhã, inaugurando o novo horário que marcaria a fase seguinte dos Metal Heroes.
A fase Rescue Police e o amadurecimento da franquia
Na década de 1990, a Toei lançou a chamada Trilogia Rescue Police, composta por Tokkei Winspector (1990), Tokkyu Shirei Solbrain (1991) e Tokusou Exceedraft (1992). Em seguida, vieram produções independentes como Tokusou Robo Janperson (1993) e Blue SWAT (1994), além da dupla Juukou B-Fighter (1995) e B-Fighter Kabuto (1996).
Segundo o produtor Shinichiro Shirakura, em entrevista ao livro Shougen! Heisei Rider, as mudanças de tema a cada três anos eram estratégicas, feitas para evitar desgaste criativo e manter o público interessado.
O aparente fim dos heróis metálicos
Em 1997, a Toei decidiu reformular completamente o bloco dominical das 8h, adotando produções com robôs carismáticos e situações cômicas, se afastando do tradicional estilo de combates e ação. Essa mudança aconteceu em meio a uma saturação do mercado japonês de super-heróis e ao sucesso do retorno de Ultraman Tiga.
Segundo Takeyuki Suzuki, produtor da Toei na época, o objetivo de B-Robo Kabutack (1997) era aproximar o público infantil de histórias mais cotidianas, como as séries clássicas dos anos 1970. Suzuki, que havia trabalhado em Ganbare!! Robocon (1974–1977), incorporou diversos elementos dessa produção em Kabutack.
No ano seguinte, 1998, chegou Tetsuwan Tantei Robotack, seguindo o mesmo estilo. Durante muito tempo, fãs ocidentais consideraram essas produções o “fim” dos Metal Heroes — o que não corresponde à realidade. O que houve, de fato, foi uma transição natural após 17 anos de exibição contínua. Em 1999, o horário foi ocupado por Moero!! Robocon, última criação póstuma de Shotaro Ishinomori, falecido no ano anterior.
A ascensão dos Kamen Riders na virada do milênio
O sucesso de Moero!! Robocon (com 10% de audiência) abriu caminho para o retorno triunfal dos Kamen Riders, ausentes da TV japonesa desde o fim de Kamen Rider Black RX (1989). Assim, em 2000, estreava Kamen Rider Kuuga, marcando o início da chamada Era Heisei.
Durante o hiato televisivo dos Riders, a Toei havia lançado três filmes: Shin Kamen Rider: Prologue (1992), Kamen Rider ZO (1993) e Kamen Rider J (1994). O plano original da produtora era criar remakes anuais das obras de Ishinomori, como Kikaider e Inazuman, mas o sucesso de Kuuga e o aniversário de 30 anos da franquia levaram à produção de Kamen Rider Agito (2001), que obteve impressionantes 11,7% de audiência média — o maior índice da Era Heisei.
O sucesso de Agito atraiu um público inesperado, inclusive donas de casa, e impulsionou também a audiência de Hyakujuu Sentai Gaoranger, série comemorativa de 25 anos de Super Sentai. Essa dobradinha de sucesso consolidou a decisão da Toei de trazer os Riders de volta de forma permanente, resultando em Kamen Rider Ryuki (2002).
Curiosamente, o nome Metal Hero surgiu por iniciativa dos fãs, e só foi adotado oficialmente pela Toei anos depois. Na prática, o que existia era um bloco de séries de heróis com temas variados, que mudavam conforme o público e o horário. Diferente de Kamen Rider e Super Sentai, os Metal Heroes não possuíam uma linha contínua — mas sim ciclos temáticos independentes.
Com o tempo, o termo passou a englobar desde os heróis espaciais até robôs cômicos, ninjas, andróides e equipes de resgate. É por isso que séries como Jiraiya e Blue SWAT fogem do padrão “metálico”, embora compartilhem o mesmo legado.
Vale destacar que Kabutack e Robotack alcançaram audiências de 9%, superando até mesmo as médias de Super Sentai (8%) e Ultraman (6%) do final dos anos 1990. Seus brinquedos também venderam bem, e mesmo Moero!! Robocon não pode ser considerado um fracasso. Assim, a ideia de que os Metal Heroes “acabaram” não faz sentido — afinal, não se pode encerrar algo que nunca foi oficialmente delimitado.
Os heróis ainda tiveram alguns especiais ao longo dos anos de forma isolada, porém de fato uma nova série do estilo não voltou a ser produzida pela Toei até então.
Legado e continuidade
Hoje, a Toei reconhece Metal Hero como uma franquia oficial, resultado de um processo evolutivo que nunca sofreu interrupções reais. O espaço deixado por Gavan e seus sucessores foi sendo transformado ao longo das décadas, culminando nas séries Kamen Rider, que permanecem firmes nas manhãs de domingo até hoje.
Em resumo, o sucesso de Gavan abriu caminho para quase cinco décadas de histórias, armaduras e transformações. Mesmo com mudanças de formato, público e temática, a essência dos heróis da Toei segue viva — e o ciclo, que começou em 1982, continua pulsando nas telas do Japão.
Por outro lado, rumores recentes sobre o possível fim das séries Super Sentai têm causado preocupação entre fãs e atores veteranos. Até o momento, a Toei não se pronunciou oficialmente, e 2026 se aproxima sem confirmação de uma nova equipe colorida. Caso isso se confirme, pode ser mais uma mudança de ciclo — algo natural na história desses heróis que, como os Metal Heroes, sempre renascem sob novas formas.










